Você já ouviu falar em análise de potabilidade da água? Saiba que se você mora em um prédio residencial e principalmente se ocupa ou ocupará um cargo de síndico este é um assunto do seu interesse.
Prédios que se abastecem com água proveniente de poços artesianos ou mesmo de concessionárias certificadas devem providenciar a adequada limpeza e manutenção de seus reservatórios e ramais de distribuição, bem como periódicos testes de qualidade da água.
A salubridade das instalações do condomínio é uma responsabilidade de quem o administra. Assim, é importante ressaltar que o síndico pode vir a ser responsabilizado, quando constatada sua negligência, por possíveis contaminações na água que venham a provocar doenças nos moradores e funcionários. Entre essas, podemos destacar dengue, leptospirose, esquistossomose, conjuntivites, hepatite A e enfermidades gastrointestinais causadoras de diarreia, vômito e outros sintomas potencialmente graves especialmente em crianças e idosos.
A água oferecida aos condôminos deve ser analisada a partir de alguns critérios físico-químicos (parametrizados pelo Ministério da Saúde, por meio de portaria governamental). Deve-se avaliar sua coloração, odor, turbidez, acidez, bem como a presença de microrganismos potencialmente patogênicos, ou seja, causadores de doenças em humanos.
No Brasil a Portaria 2.914 de 12 de dezembro de 2011 (agora incorporada pela PRC n° 5, de 28 de setembro de 2017, Anexo XX.), dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Segundo a normativa, é de responsabilidade do condomínio verificar continuamente a qualidade da água distribuída.
Bruna de Couto Medeiros, de uma empresa especializada na prestação de serviços em higiene de sistemas de água destaca que o ideal é que as análises ocorram com a maior regularidade possível. “Recomendamos principalmente para grandes edificações como condomínios a realização de um cronograma com análises semestrais contemplando pontos críticos de consumo, isto é, que, pela falta de higiene, possam representar riscos para os usuários. Dentre esses pontos podemos citar o cavalete, caixa d’água, torneira de cozinha de pelo menos um dos moradores e, em caso de água proveniente de poços artesianos, antes do sistema de tratamento e depois do sistema”, orienta.
A profissional explica que durante a coleta os técnicos devem estar paramentados com equipamentos de proteção individual, além de seguir rigorosos procedimentos de amostragem com frascos estéreis, sanitizando a parte externa do ponto de coleta e deixando a água correr por cerca de 1 a 2 minutos. Já a água de reservatórios é coletada pelos técnicos com um balde de inox estéril.
Afora a validação da qualidade da água entregue pelas concessionárias de distribuição, a analista destaca a importância dos testes laboratoriais para investigar a potabilidade da água advinda de poços artesianos. “É importante monitorar possíveis contaminantes do solo, como, por exemplo, os compostos BTEX (grupo de compostos formado pelos hidrocarbonetos: benzeno, tolueno, etil-benzeno e os xilenos), que podem advir de vazamentos de postos distribuidores de combustíveis próximos aos poços artesianos, que são prejudiciais à saúde humana. A análise da água é o primeiro passo para medidas corretivas e garante que a água é segura para consumo”, conclui Bruna Medeiros.