Com alguma frequência, surgem nos noticiários relatos de animais “exóticos” que aparecem em localidades inesperadas, causando espanto nos moradores. Cobras, jacarés, bichos-preguiça, capivaras, pássaros silvestres e até mesmo grandes felinos como onças são alguns dos “visitantes” que já foram encontrados em condomínios residenciais Brasil afora. A situação é inusitada e o síndico deve saber como agir caso venha a ser surpreendido com algo deste tipo. Primeiramente, é válido fazermos uma breve análise do processo de urbanização pelo qual vem passando muitas regiões e que vem modificando o cenário do meio ambiente. Nesse contexto, o aumento populacional e a demanda por moradias levaram ao crescimento da área urbana das cidades e, com isso, consequentemente, à diminuição de zonas rurais e matas nativas em detrimento da disseminação de empreendimentos habitacionais e outros serviços. Com efeito, o resultado dessas intervenções não é tão difícil de prever: a natureza perde seu espaço e os animais que compunham aquele cenário original ficam, de certa forma, ameaçados. Dessa forma, ao vermos os tais bichos exóticos dentro de estacionamentos, condomínios e casas, deve ficar a reflexão sobre quem está de fato “invadindo” o ambiente de quem. Visitantes inusitados – No dia 11 de junho, uma raposa foi pega pelo Corpo de Bombeiros em um condomínio no bairro da Aclimação, município de Uberlândia (MG). O animal foi resgatado com auxílio de enforcadores e um cobertor, colocado em gaiola e depois solto em seu hábitat. Também em Uberlândia, em abril, uma onça sussuarana foi flagrada por câmeras do circuito de vigilância de um residencial localizado próximo a uma mata de cerrado. Na ocasião, o bicho fez um “passeio” de madrugada e foi embora por conta própria sem ser capturado. Nem sempre haverá a necessidade de prender o animal e retirá-lo do ambiente. Deve-se avaliar se há risco à segurança e salubridade dos moradores. Também no mês de junho deste ano, em Piracicaba (SP), uma jiboia foi identificada em uma árvore dentro de um condomínio no bairro Jardim São Francisco. A situação foi averiguada pelo Corpo de Bombeiros do município que optou por não remover a cobra, visto que o réptil estava a cerca de 12 metros do solo, sem oferecer riscos e, segundo relatos de moradores, já é uma antiga moradora de anos do local, sem incidentes. A orientação é de voltar a chamar a corporação caso a cobra desça. Como proceder no condomínio – Embora inesperado, o aparecimento de um animal silvestre no condomínio não deve ser motivo para pânico. A primeira medida é isolar a área da melhor maneira possível, evitando que curiosos – principalmente crianças – se aproximem do bicho para filmar/fotografar ou mesmo para tentar alimentar, pois qualquer movimentação não planejada pode ser um perigo para a segurança do indivíduo. Em hipótese alguma deve-se maltratar ou tentar matar o animal, sob o risco de incorrer em crime ambiental. O síndico ou zelador deve contatar com brevidade o órgão competente em seu município para agir neste tipo de situação. De modo geral, o corpo de bombeiros é uma corporação habilitada para a abordagem desses animais. Também é possível acional a Polícia Militar de Proteção Ambiental e, por fim, verificar se o seu município possui um CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres), órgão presente nos estados, vinculado ao IBAMA, que recebe animais silvestres por entrega voluntária, resgate ou oriundos de apreensão de fiscalização. Lá os bichinhos são recuperados e destinados ao meio ambiente por meio de soltura ou encaminhamento para empreendimentos de fauna devidamente autorizados.