A escassez de água é um tema que ganhou notoriedade na mídia nos últimos dois anos e tem servido para ampliar o debate sobre medidas que propiciem economia, bem como conscientizar muitas pessoas sobre o uso responsável desse recurso indispensável à vida. Nesse contexto, muitos hábitos vêm sendo modificados também dentro de condomínios. Algumas dessas mudanças são acompanhadas por novas normativas legais que orientam a gestão da água.
É o caso, por exemplo, dos sistemas de reuso de água e também da individualização dos hidrômetros. As duas práticas se tornaram lei na cidade de Belo Horizonte (MG). Considerando que os hábitos preventivos são a maneira mais eficaz de evitar que a falta de água se concretize, a Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou recentemente duas novas leis.
São elas as leis municipais de números 10.838 e 10.840 que estabelecem, respectivamente, o reaproveitamento de água usada na máquina de lavar, na pia ou no banho para irrigação de jardins, lavagem de pisos e descarga nas edificações do município; e a obrigatoriedade do uso de hidrômetros individuais em edifícios públicos ou privados com mais de três andares ou seis apartamentos. A medida deverá estar prevista desde a elaboração da planta hidráulica e constituirá requisito para a obtenção das certidões de Baixa e Habite-se do empreendimento.
A norma prevê que, após o tratamento adequado para a eliminação dos poluentes e desinfecção, a água reciclada seja conduzida por encanamentos próprios e armazenada em reservatórios distintos, podendo ser utilizada para rega de jardins, lavagem de pátios, fachadas, escadas e descargas de vasos sanitários. Para garantir a adequação e a segurança do sistema de tratamento dos efluentes, que envolve a utilização de produtos químicos, sua operação deve ficar a cargo de responsável técnico profissionalmente habilitado.
De acordo com Marina Hissuto, gerente técnica de uma empresa paulistana que presta consultoria em adaptação ecossustentável para empresas e residências, a procura por serviços do gênero aumentou consideravelmente em 2015. “As informações divulgadas pela mídia têm grande impacto, pois geram uma reflexão coletiva sobre a sustentabilidade e isso tem sensibilizado os condôminos e seus síndicos. Além da responsabilidade com o meio ambiente, há interesse também na economia financeira que essas medidas podem gerar”.
A empresa para a qual Marina trabalha instala sistemas de reuso de águas da chuva para fins não potáveis. “A água da chuva e também a que sai de máquinas de lavar pode ser usada para lavagem de ambientes e descarga em sanitário, mas não é indicada para consumo humano, como lavar alimentos ou banhos, por exemplo. Para essas finalidades, deve-se usar a água tratada fornecida pela companhia local”, alerta. Embora tenha algumas restrições, Hissuto garante que praticar o reuso da água pode gerar 20% de economia sobre a conta no final do mês, dependendo das características do imóvel.