Publicada em 19/08/2024
No Distrito Federal, o consumo médio per capita de água é de 140 litros por pessoa/dia, volume considerado ideal por especialistas. No entanto, quando o levantamento é feito por região administrativa, é constatado um consumo acima dessa média em algumas delas. No Lago Sul, são consumidos 397 litros por pessoa/dia. No Park Way, são 232. Doutor em Conservação da Água pela Universidade de Brasília (UnB), Daniel Sant’Ana salienta a necessidade de políticas públicas voltadas à conservação e reaproveitamento de água nas edificações residenciais e comerciais no DF.
“Há uma relação direta entre renda per capita e o consumo de água. Quanto maior a renda familiar, maior o consumo. Isso se deve muito à tipologia das moradias. Casas maiores com piscina, jardim, varandas, carros na garagem, acabam utilizando mais água”, observa o especialista, que destaca ainda caminhos para um uso mais sustentável. “Há uma série de tecnologias que ajudam, equipamentos economizadores como torneiras que reduzem a vazão da água sem precisar reduzir o tempo de banho, vasos sanitários com volume de água reduzido, válvulas de descarga de acionamento duplo, equipamentos para lavagem de piso, entre outras”, comenta.
Daniel, que também é líder do laboratório de pesquisa Água e Ambiente Construído, da UnB, pontua que o hábito de consumo vem com a cultura. “Para começarmos a mudar o hábito do desperdício, é importante um incentivo por parte do governo para que a população comece a investir em soluções que vão otimizar o uso da água ou até mesmo usar fontes alternativas para fins não potáveis”, sugere.
Segundo a Companhia Ambiental de Saneamento do Distrito Federal (Caesb), não há qualquer risco de desabastecimento de água no DF. “Estamos expandindo a rede para melhor atender não apenas a atual população, mas também às futuras gerações”, afirma o presidente da empresa, Luís Antônio Reis. “Mas na seca a ordem é a mesma para todo o ano: não desperdice água. Economizar água é bom para a natureza e para o bolso”, acrescentou.
Junto à Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), Daniel Sant’Ana desenvolveu uma análise dos benefícios financeiros e ambientais de sistemas de aproveitamento de água classificados como sistemas prediais de água não potável. “Criamos um cenário onde, se todas as edificações do DF fizessem uso de água da chuva e reúso de água cinza — água residual que provém de atividades domésticas, como lavar louça, roupa e tomar banho —, os impactos nos recursos naturais seriam significativos”, pontua. “Verificamos que seria viável uma cobrança tarifária diferenciada para residências ou comércios que fizessem esse reúso, subtraindo esses valores economizados pelas reduções nas despesas de exploração na conta mensal de água e esgoto”, completa.
Estratégias
Há cinco anos, os blocos D e E da Quadra 302 Sul fazem uso de métodos de economia que têm se refletido no bolso dos moradores. “Temos economizado cerca de R$ 4 mil na conta geral de água do condomínio”, afirma o síndico dos dois blocos, Sérgio Diniz. “Temos o apoio de uma empresa de sustentabilidade que nos ajuda a aplicar estratégias de preservação”, completa.
Thaysa Friaça, proprietária da Double Eco, que presta assistência ao condomínio de Sérgio, esclarece que, no caso de condomínios residenciais, é possível fazer um trabalho focado na equalização de vazões, além de outros processos de economia de água. “Em todo prédio há uma diferença do metro de coluna d´água em cada andar. Trabalhamos para ajustar a água e igualar em todos os andares, gerando economia. Fazemos também a equalização da entrada de água por meio de uma válvula que protege as tubulações de oscilação de pressão”, elenca. “Fazemos ainda um monitoramento para acompanhar o consumo do cliente em tempo real. Com isso, se houver alguma diferença no padrão de consumo, acionamos o técnico para ir à unidade e procurar vazamentos”, conclui.
DICAS PARA ECONOMIA DE ÁGUA:
– Limpeza de janelas é mais econômica em dias nublados porque em dias ensolarados, a luz solar direta seca os produtos de limpeza antes do vidro ser polido corretamente, o que pode levar ao uso excessivo de água e produtos.
– A máquina de lavar roupas também é responsável pelo consumo de uma grande quantidade de água, onde um ciclo completo pode utilizar até 200 litros de água. Portanto, acumule várias peças e utilize a máquina apenas quando estiver com a capacidade total.
– Reutilizar a água da máquina de lavar roupas é uma maneira inteligente de economizar. Essa água pode ser utilizada para limpar a garagem ou lavar o carro.
– Gramas e jardim devem ser regados à noite. Pela manhã ou à tarde, a luz do sol faz com que a água evapore com maior rapidez, não sendo absorvida pelas plantas.
– Reduzir o tempo de banho.
– Durante a higiene bucal, manter a torneira fechada enquanto estiver escovando os dentes.
Fonte: Correio Braziliense