Por Cecília Lima
Estalidos vindos das paredes, estrondos, ruídos de ruptura e quebra são graves sinais de que algo pode estar muito errado com a estrutura do prédio. Ao ouvir sons aberrantes como esses, o que há de mais certo a se fazer é abandonar o imóvel o mais rápido possível, orientam especialistas. Exemplos recentes de sinistros ocorridos em edifícios por todo o Brasil demonstram que o cuidado estrutural do condomínio deve ser uma prioridade para síndicos.
O ano de 2019 ficou marcado pelo trágico desabamento do condomínio Andréa, em Fortaleza (CE), o qual ruiu em outubro daquele ano deixando um triste saldo de 9 óbitos e outros feridos. O prédio apresentava más condições de conservação, raramente passava por vistorias e estava em obras quando caiu. Coincidentemente, apenas um dia antes do desabamento, um morador havia feito uma filmagem denunciando a precária situação de colunas rachadas e estruturas metálicas expostas.
Betim – Já em 2020, um exemplo diferente, um imóvel que desmoronou antes mesmo de ser ocupado (poupando prejuízos aos que quase chegaram a ser condôminos): em novembro, vizinhos tiveram que abandonar suas casas após ouvir estrondos vindos de um prédio situado em Betim. O edifício de 5 andares tombou parcialmente após fortes chuvas e precisou ser posteriormente demolido.
Finalizando o ano passado, moradores de um residencial no bairro de Manaíra, em João Pessoa (PB), tiveram uma desagradável experiência: precisaram evacuar seus apartamentos, sob ordem da Defesa Civil, devido ao risco de colapso do prédio de 9 andares e 40 unidades. Após relatarem ouvir um forte barulho, houve muita confusão durante a saída eufórica dos moradores, alguns idosos, com medo de que a tragédia do Edifício Andréa se repetisse.
O condomínio estava em obras há alguns meses. Porém, a Defesa Civil constatou que não fora realizado o devido escoramento nas bases de sustentação da estrutura, o que causou dilatações indevidas. Os bombeiros fizeram o reforço nas colunas e a construtora responsável foi chamada a reconduzir a obra. Os moradores, entretanto, ficaram impedidos de retornar às suas residências pela interdição.
Crea – Comentando a situação, o gerente adjunto de fiscalização do Crea-PB, Juan Ébano, afirmou que de acordo com as diligências preliminares a obra estava regular, possuía ART e laudo técnico de patologia diagnóstica, sendo, portanto, acompanhada por engenheiro habilitado. Mesmo assim, ele fez um apelo para que síndicos realizem as manutenções periódicas e não apenas as corretivas em seus condomínios e também para que os moradores contribuam para cobrar e fiscalizar a realização desses cuidados, com o intuito de não acumular danos ao longo dos anos, pois em alguns casos os prejuízos decorrentes da negligência podem ser gravíssimos.
É importante lembrar que nenhum prédio desaba sem antes dar avisos. A questão é que, assim como apenas um médico é capaz de compreender os sintomas de um paciente e fazer o diagnóstico correto no tempo adequado, alguns sinais de um possível colapso, só podem ser interpretados por um engenheiro. Por isso, é fundamental que o condomínio siga à risca um criterioso calendário de manutenções com bons profissionais, de preferência habilitados em patologia diagnóstica. Aqui mesmo, no classificados do Jornal do Síndico, temos profissionais habilitados para executar esse serviço.
*Jornalista