Por Cecília Lima
No início de 2022, um prédio residencial localizado, no bairro Buritis, ganhou as manchetes da mídia e compartilhamentos de fotos em redes sociais devido ao desabamento de parte de sua área de lazer. Embora as fortes chuvas que acometeram a capital mineira no período tenham contribuído para o fato, tal incidente acendeu o alerta para síndicos e gestores de condomínio estarem mais vigilantes quanto à existência de vazamentos hidráulicos nas estruturas de seus imóveis.
O ocorrido se deu no mês de janeiro, necessitando que os moradores evacuassem o edifício não apenas uma vez, mas duas vezes. Primeiramente, no dia 9 houve um desmoronamento parcial da área de lazer, quando – de acordo com o Corpo de Bombeiros – não se verificou dano estrutural no prédio, sendo afetada apenas a área onde a quadra está localizada. Posteriormente, no dia 27 de janeiro, novo desabamento ocorreu na área de lazer e os condôminos também precisaram deixar o imóvel por ordem da Defesa Civil, que vistoriou o espaço. Não houve registro de feridos e nem de danos em vizinhos.
A causa do problema? Possivelmente infiltrações e vazamentos. Em nota, Defesa Civil enfatizou que “a responsabilidade de manutenção, estabilidade, conservação, fechamento, segurança e salubridade do imóvel é do proprietário, conforme artigo 8º da Lei Nº 9725 Código de Edificações do Município de Belo Horizonte”. Além disso, os responsáveis pelos condomínios foram orientados a manter o isolamento e providenciar ações para mitigação dos riscos e recuperação do local”.
O sinistro ocorrido serve para sensibilizar todos que vivem em condomínios, especialmente aqueles que o administram, no sentido de identificar e tratar precocemente falhas no sistema hidráulico, visto que o vazamento inadequado de água pode levar à oxidação de estruturas de sustentação, desplacamento de revestimentos, além de notórios danos à estética do imóvel, sem contar com os prejuízos à salubridade devido a maior proliferação de mofo.
Se por um lado é verdade que o período de chuvas contribui negativamente para surgimento e agravamento de infiltrações – especialmente em áreas mais vulneráveis, como coberturas – é também verdade que outros vazamentos podem ocorrer, independentemente da ação das chuvas, durante o ano inteiro, devido a problemas nas instalações hidrossanitárias, seja por falta de manutenção, entupimentos, projetos executados com insumos de baixa qualidade ou mau dimensionamento (quando não se calcula corretamente as perdas de carga das conexões e o volume do fluído não é proporcional ao diâmetro da tubulação).
Manutenções obrigatórias – A NBR 5674 da ABNT é o único texto normativo que contempla os procedimentos concernentes ao controle e avaliação da qualidade da manutenção de edificações e ela jamais deve ser realizada de modo improvisado e casual. As manutenções, como relatamos na matéria anterior, são diferenciadas em: rotineiras (que é um fluxo constante de serviços padronizados e cíclicos, por exemplo, limpeza geral e lavagem de áreas comuns); corretivas (demandam ação ou intervenção imediata a fim de permitir a continuidade do uso dos sistemas ou evitar graves riscos ou prejuízos pessoais e/ou patrimoniais aos seus usuários ou proprietários) e as manutenções preventivas (programadas com antecedência priorizando as solicitações dos usuários, gravidade e urgência, e relatórios de verificações periódicas sobre o estado de degradação). Nos condomínios, o vazamento hidráulico pode ser um problema silencioso e, quando vem a ser descoberto, já se apresenta com grandes prejuízos e complicações. Portanto, é importante que síndicos e condôminos estejam com vistorias em dia.
*Jornalista