Por Alessandra Bravo
Publicado em 20/09/2024
Nos últimos anos, a relação entre seres humanos e seus animais de estimação tem se tem se tornado cada vez mais estreita, afetando significativamente, impactando diversos aspectos da vida cotidiana, incluindo o mercado imobiliário. A presença de animais de estimação em lares brasileiros não é apenas uma tendência, mas uma realidade que influencia diretamente as decisões de compra e aluguel de imóveis, refletindo uma mudança cultural que reconhece os animais como membros essenciais da família – Família Multiéspecie.
O Brasil é um dos países com o maior número de animais de estimação no mundo e essa tendência está em crescente ascensão, impulsionada por mudanças nos estilos de vida e nas estruturas familiares, bem como mudanças na vida cotidiana, o que impacta diretamente as escolhas existente no mercado imobiliário. Vejamos alguns pontos de transformação:
Demanda – Uma das consequências mais evidentes do aumento da procura por imóveis pet-friendly: imóveis que oferecem facilidades para os animais, como áreas verdes, pet shops próximos, clínicas veterinárias e espaços específicos para pets, são altamente valorizados. Proprietários e inquilinos estão dispostos a pagar um prêmio por imóveis que ofereçam essas comodidades, tornando esse nicho de mercado bastante lucrativo.
Regulamentações – Nos condomínios, a presença de animais de estimação pode gerar conflitos entre moradores, especialmente em relação ao uso de áreas comuns e questões de higiene e barulho. Para minimizar esses conflitos, muitos condomínios têm atualizado suas regulamentações internas para incluir políticas claras sobre a presença e o comportamento dos animais.
Algumas medidas incluem a criação de espaços exclusivos para pets e regras para circulação dos mesmos em áreas comuns são exemplos de adaptações bem-sucedidas. É necessário a verificação da Lei do Estado onde está inserido o imóvel para se criar regras que não contrariem a legislação, e desta forma,
ser totalmente nulas, bem como ocasionar ações cíveis de indenizações e criminais por maus-tratos.
Design – A arquitetura e o design de interiores também estão sendo influenciados pela presença dos pets. Imóveis modernos frequentemente incluem características que facilitam a vida com animais, como pisos resistentes a arranhões, áreas de fácil limpeza e janelas seguras. Além disso, espaços como “pet corners” e áreas de banho para animais estão se tornando cada vez mais comuns em
projetos residenciais.
Marketing – Diante desse cenário, as empresas do setor imobiliário têm adaptado suas estratégias de marketing para atrair os tutores desses animais de estimação. Imobiliárias e construtoras promovem seus imóveis destacando as características pet-friendly, e muitas lançam campanhas publicitárias focadas nesse público específico. Eventos para pets em condomínios e o oferecimento de serviços como pet sitting ou pet grooming são exemplos de ações que têm
atraído a atenção dos consumidores, e são cada vez mais comuns, além de oferecem cuidados essenciais tanto para a saúde quanto para o conforto dos animais.
Desafios – Embora a adaptação ao mercado pet-friendly traga inúmeras oportunidades, também apresenta desafios. A manutenção de áreas comuns destinadas aos pets, por exemplo, exige investimentos contínuos em limpeza e infraestrutura. Além disso, é necessário equilibrar as necessidades dos tutores de animais com as preocupações dos demais moradores, garantindo um ambiente
harmonioso para todos, entretanto, sempre preservando e pensando no bem-estar do não-humano (animal).
6. Proteção de Dados – No contexto da gestão condominial, a proteção de dados é um aspecto crucial. A administração do condomínio necessita de informações específicas dos contratos de locação para desempenhar suas funções adequadamente, incluindo a identificação completa dos locatários e locadores, o prazo de vigência dos contratos, os dados detalhados do imóvel e a data e assinatura legível e válida das partes envolvidas. Todas essas informações devem ser tratadas conforme as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), garantindo a segurança e a privacidade dos dados fornecidos, também abrange aspectos que envolvem animais de estimação.
Com a crescente presença de animais de estimação nos lares, surgem novas demandas e desafios na gestão de informações que inclui os dados dos pets, tais como raça, porte, características físicas, e até mesmo dados dos Tutores relacionados aos cuidados e convivência com seus animais, promovendo um ambiente mais seguro e harmonioso para todos os residentes, humanos e não-humanos.
Conclusão – A influência dos animais de estimação no mercado imobiliário é um fenômeno crescente e que veio para ficar. As empresas que se adaptarem a essa realidade terão a oportunidade de conquistar um nicho de mercado em expansão, enquanto proporcionam aos seus clientes – humanos e não-humanos – um ambiente mais confortável e acolhedor. A evolução do mercado imobiliário, portanto, passa não apenas pela inovação e tecnologia, mas também pelo reconhecimento da importância dos laços afetivos entre pessoas e seus animais de estimação.
À medida que essa tendência se consolida, veremos cada vez mais iniciativas e adaptações que tornam a convivência entre pets e humanos mais harmoniosa e satisfatória. E o olhar atento e cuidadoso dessas mudanças do mercado imobiliário de um Advogado Condominialista/Animalista, bem como Veterinários, Administradores, Arquitetos, Síndicos e Síndicas, refletirá
uma sociedade que valoriza e respeita todos os seus membros, independentemente da espécie.
*Síndica Profissional; Mediadora pelo CNJ; Professora da ESA (Escola Superior de Advocacia Nacional); Palestrante; Articulista; Docente da Posgraduação do IDD Educação Avançada – Engenharia Condominial (Curitiba/PR); Coordenadora Pedagógica da Pós-graduação em Direito, Engenharia e Gestão Condominial e Imobiliária do Proordem (Campinas/SP); Membro da ABA – Comissão Nacional de Direito Imobiliário – Instagram: @abravoadvocacia