Por Andréa Mattos
O sistema de para-raios do seu condomínio está em bom estado? Ele está dentro das normas estabelecidas pela ABNT NBR 5419/2015? Os para-raios devem, anualmente, passar por inspeção técnica, para que os problemas mais comuns sejam resolvidos a tempo.
O Brasil é um dos países com maior incidência de raios no mundo, cerca de 70 milhões de ocorrências por ano, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A intensidade é maior no período de chuvas e no verão, por isso, é importante saber como se proteger desse risco.
O topo dos prédios, que nem sempre recebe a atenção necessária, é uma área que necessita de cuidado especial, sendo o para-raios, ou Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), um de seus principais dispositivos.
Fora da Norma – Todos os prédios novos vêm com SPDA instalado. Mesmo entre edificações mais antigas, é difícil encontrar alguma que não tenha o sistema instalado. Mas, mesmo nos dias de hoje, com todas as informações disponíveis, é muito comum encontrar instalações falhas, ou fora das Normas. Por estes motivos, é a hora de se executar uma vistoria técnica, feita por um engenheiro eletricista, e projetar um novo sistema, quando necessário, de acordo com a Norma (NBR-5419/2015) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Proteção – É este profissional que está apto a emitir e assinar a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), e o Laudo atestando a funcionalidade do sistema. Este Laudo deve ser renovado anualmente e sempre acompanhado de uma nova ART. Com a nova norma, o SPDA ficou ainda mais complexo e seguro; a questão da obrigatoriedade do projeto e a necessidade de um gerenciamento de risco aumentam a capacidade de proteção do sistema deixando-o mais eficaz e confiável.
O SPDA protege a estrutura do edifício contra as descargas elétricas, bem como as pessoas que circulam pelo condomínio no momento da queda de raios.
Responsabilidade – No caso de não haver para-raios no edifício, o síndico deve providenciar um Projeto e sua instalação imediata, sob o risco de responder civilmente ou até mesmo criminalmente dependendo das circunstancias, por negligência e ou omissão.
Tipos de SPDA – Há casos de condomínios que utilizam os rufos como condutor. Entretanto, os rufos são seccionados a cada dois metros e não têm condução permanente. Desta forma, a descarga elétrica não será conduzida corretamente. Outros condomínios também aproveitam as barras de aço da estrutura do prédio como “descidas” para conduzir a descarga elétrica. Entretanto, esta opção só pode ser usada se especificada no projeto estrutural e utilizando-se de materiais e formas corretas de instalação. A NBR – 5419/2015 prevê dois tipos de sistema de para-raios, o Franklin e a Gaiola de Faraday. Para proteção adequada, no caso de prédios com mais de 20 metros de altura, recomenda-se a instalação dos dois sistemas, que trabalharão conjuntamente na proteção do condomínio.
Aparelhos eletrônicos não são protegidos pelo sistema de para-raios, mesmo porque, quando esses equipamentos sofrem danos, normalmente, a descarga elétrica vem pelas linhas de transmissão. Segundo Eduardo Maia, proprietário da Solution Engenharia, empresa especializada no seguimento, a proteção dos aparelhos eletro eletrônicos são feitas por dispositivos chamados DPS – Dispositivos de Proteção Contra Surtos, que também serão dimensionados no laudo de inspeção técnica dentro das solicitações feitas pela NBR-5419/2015).
O Inpar avisa que, mesmo um para-raios bem construído não garante 100% da integridade das benfeitorias, dos animais e pessoas do local, até porque a energia veiculada pelo para-raios pode ser muito grande, o que sujeita o local a uma série de efeitos do raio.
Principais problemas – Alguns meses após a instalação dos sistemas de para-raios, seus componentes metálicos começam a sofrer a ação das intempéries (chuva, sol, e outras) que começam agredir tais materiais. Em virtude disso, torna-se necessária a observação dos componentes, para averiguação da necessidade ou não de manutenção, para manter o sistema funcionando perfeitamente. Os principais problemas dos para-raios são:
– Conexões entre a haste de aterramento e o condutor de descida nela interligado. Caso haja indício de ferrugem, substituir a peça danificada por outra igual e nova, pois a corrente elétrica captada pelo para-raios pode ter dificuldade para ser dissipada no solo, que é o objetivo principal;
– Instalação de novos equipamentos tais como: Antenas, aquecedores solares, condensadoras de ar condicionado, escadas metálicas etc… os quais necessitam de interligação e equalização com o sistema;
– Isoladores de sustentação dos cabos de cobre nu: Por mais que estes materiais recebam tratamento de galvanização á fogo, chegará o momento em que estas peças começarão a enferrujar, causando com isso a diminuição da resistência do metal às tensões mecânicas as quais é exposto pelo ajuste dos cabos de cobre nu;
– Tensionamento dos cabos de cobre nu dos sistemas de captação e descidas. Com o passar do tempo os cabos presos pelos tensionadores começam a afrouxar e isto causa um aspecto ruim para a instalação de para-raios, no modo geral, portanto, é interessante realizar os ajustes;
– Conectores de união dos cabos de cobre nu. Conhecidos como split-bolts, estas peças, dependendo do material que é fabricado, também enferrujam e precisam ser substituídas;
– Mastros onde são instalados os captores Franklin. Passou a ser comum encontrar instalações de para-raios com os mastros pendurados pelos cabos, caídos nas paredes das edificações ou nos telhados. Isso ocorre em virtude da ferrugem que chega a enfraquecer o tubo de aço, até o ponto de quebrar. Evite aplicar tinta sobre a ferrugem; o custo do mastro pode ser apenas um pouco a mais que o trabalho da pintura;
– Resultado das medições ôhmicas dos aterramentos. Esta é a parte fundamental dos sistemas de para-raios, pois um sistema de captação eficiente sem um sistema de aterramento eficiente não adianta muita coisa. É como uma pessoa que se alimenta bem, porém tem um mau funcionamento intestinal. Recomenda-se fazer as leituras dos aterramentos para averiguar as condições do solo e das hastes nele cravadas.
*A autora é jornalista e colaboradora do Jornal do Síndico