Reciclagem de óleo de cozinha: vantagens para o meio ambiente e para os condomínios

Reciclagem de óleo de cozinha: vantagens para o meio ambiente e para os condomínios

Separar o óleo dos resíduos que vão para a caixa de gordura não só contribui para a preservação do meio ambiente: vale economia para o prédio

 

O óleo de cozinha, apesar de líquido, é um dos dejetos mais prejudiciais ao bom funcionamento da caixa de gordura e das redes de esgoto do condomínio e da Copasa. Quando acumulado, ele forma crostas, que entopem o encanamento, provocando prejuízos. Além disso, o óleo é terrível para o meio ambiente. Por causa dos entupimentos, são necessários produtos tóxicos para a correção do problema. Se não houver correto tratamento do esgoto, o óleo pode chegar a rios e represas, se espalhando pela superfície e causando danos à fauna e flora aquáticas. Em última instância, o óleo também é causador do efeito estufa, já que em decomposição ele libera gás metano, que é mais danoso à atmosfera que o gás carbônico.

 

Por isso, Belo Horizonte aprovou há dois anos uma legislação para incentivar a reciclagem do óleo de cozinha. Pela lei, qualquer cidadão pode armazenar o óleo que sobrou das frituras em um recipiente e depositá-lo em um dos vários pontos de coleta espalhados pela cidade. E, para quem mora em condomínio o processo pode ser facilitado. Há empresas que instalam um recipiente coletivo nos prédios e elas mesmas recolhem o produto, minimizando o trabalho dos moradores, que precisam, apenas, depositar o óleo residual nas chamadas bombonas.

 

Uma dessas empresas é a Ecominas. Segundo o proprietário e diretor técnico, Alexandre Grimaldi, o trabalho com condomínios ainda está se iniciando. Ele conta que nos prédios são utilizados galões de 50 litros, que são colocados na área de serviço do edifício. Lá, os moradores, sempre que utilizarem o óleo, podem depositar os resíduos. Quando o galão fica cheio, o síndico liga para a empresa, que recolhe o óleo e leva para o refino. Este produto, depois pode virar matéria prima para a composição de biodiesel. A empresa refina o óleo recolhido e transporta para usinas em Volta Redonda (RJ), Campinas (SP) e Paraná. “Mas também temos planos de ter uma usina de biodiesel para entregar o produto final”, revela Alexandre.

 

Outra empresa especializada nessa área, a Preserve, também inclui no kit de coleta de óleo o selo “Condomínio Ecoconsciente”, para firmar a parceria entre a empresa e o condomínio e divulgar a atividade para os moradores. Segundo o presidente da empresa, Fernando Freire, a cada quatro coletores entregues cheios, há sorteio de eletrodomésticos aos moradores, além do fornecimento de produtos de limpeza como cortesia. Ele conta que a reciclagem de óleo já existe há cerca de 20 anos e só agora, com a preocupação ambiental vem sendo mais difundida. “O Brasil produz aproximadamente três bilhões de litros de óleos comestíveis por ano, e menos de 1% do total produzido é reciclado. Mais de 200 milhões de litros de óleos usados por mês vão para os rios e lagos comprometendo o meio ambiente”, afirma. Por isso, a importância de reciclar. Fernando diz ainda, que depois de feito todo o processo de beneficiamento, o óleo pode ser usado na produção de sabão, biodiesel, tintas, massa de vidro e ração animal.

 

Vantagens – Os condomínios também ganham com a reciclagem do óleo de cozinha. A quantidade arrecadada e entregue a uma empresa especializada pode ser trocada por produtos de limpeza. Normalmente, desinfetantes, flanelas e vassouras.

 

A coleta já está valendo no Condomínio do Edifício Costa Rica, no bairro Jardim América, região oeste de Belo Horizonte. Lá, o sistema foi implantado há dois meses. O síndico, Aparecido Servadio, diz que se surpreendeu com a quantidade de óleo de cozinha que os moradores dos 144 apartamentos utilizam. Ele relata que nas primeiras semanas, o galão ficava cheio muito rápido, se estabilizando depois.

 

Aparecido diz que tomou a decisão de fazer a coleta do óleo depois de tantos problemas de entupimento da caixa de gordura. “O condomínio gastava cerca de R$200 toda vez que a caixa ficava entupida. Mas os técnicos vinham, desentupiam e não ficávamos sabendo o por quê. Então, em uma ocasião, um técnico muito bom disse que a crosta de gordura é que provocava o entupimento”, conta. A partir daí, Aparecido procurou por uma empresa que fizesse a coleta do óleo e adotou o sistema sem custos para o condomínio. “Para nós teve outra vantagem, já que, como o condomínio é grande, com nove blocos, gastamos muito com material de limpeza. A troca do óleo pelo material acarretou economia para nós”, afirma. O síndico diz ainda, que quando a quantidade trocada é grande, uma parte dos produtos de limpeza é doada para as faxineiras que trabalham no prédio.

 

Aparecido afirma também, que a coleta despertou a consciência dos moradores para o uso do óleo, já que a quantidade depositada no recipiente instalado foi diminuindo até se estabilizar em pouco tempo. Além disso, a iniciativa serviu para que outros projetos semelhantes sejam implantados. “O pessoal empolgou tanto, que temos planos de fazer reciclagem em outras áreas, como a coleta seletiva. Uma coisa vai puxando a outra”, diz ele.

 

Custo-benefício – No entanto, na avaliação da representante da empresa Recóleo, Laila Priscila da Silva, a instalação de um recipiente coletivo vale mais a pena em prédios maiores. Segundo ela, no geral, não se gasta muito com óleo de cozinha, muitas vezes ele é reutilizado. Por essa razão, segundo ela, em prédios menores, com poucas unidades, o recipiente demoraria muito para se encher, não valendo a pena a empresa recolher pouca quantidade de resíduos. No entanto, essa condição não é impedimento para a coleta. A empresa recomenda, nesses casos, que os condôminos separem o óleo usado e leve a um posto de coleta.

 

Quem optar pela colocação do recipiente no prédio pode escolher pelos galões que variam de 25 a 40 litros e também a periodicidade da coleta. Mas, Laila alerta: “É bom encher o recipiente por causa da troca por produtos de limpeza e cada item tem uma demanda diferente. Se tiver pouca quantidade, não rende quase nada, já que se desconta resíduos e a água”, diz ela.

Separar o óleo é lei

Óleo e gordura jogados irregularmente no esgoto belo-horizontino tem obrigado a Copasa a gastar quase R$2 milhões anualmente para evitar entupimentos, de acordo com o superintendente da empresa, Eugênio Lima e Silva. Com a sanção da Lei 9.789/09, que trata do tema, Belo Horizonte começa a dar importantes passos na solução desse problema. A proposta tem como objetivos incentivar a adoção de medidas que evitem o lançamento de resíduo de óleo e gordura de origem vegetal ou animal; reduzir a poluição ambiental e o gasto de recurso público aplicado em manutenção de rede de coleta de esgoto e de drenagem pluvial.
A partir da lei, a capital mineira passou a instalar coletores de óleo a partir da Região Leste, se expandindo depois para toda cidade.

(fonte: Câmara Municipal de Belo Horizonte)

Serviço:

Informações sobre a campanha de coleta de óleo da PBH: http://portaldeservicos.pbh.gov.br/portalservicos/view/paginas/linhaVidaTemas.jsf

Sites das empresas que fazem coleta de óleo:

Recóleo: www.recoleo.com.br

Ecominas: www.ecominas.com.br