Contas de energia passam a vir com bandeiras tarifárias que podem ou não elevar o valor do quilowatt-hora
A maior crise hídrica enfrentada pelo país nos últimos anos traz à tona, por consequência, uma outra crise: a energética. Isso porque a principal fonte de energia no Brasil são as hidrelétricas. Resultado: menos água, menos energia e custos mais altos sendo repassados ao consumidor. Segundo estimativa divulgada em março pelo Banco Central (BC), o preço da energia elétrica deve subir 38,3% neste ano.
A previsão deve fazer soar os alarmes para o uso racional tanto da água quanto da energia. No condomínio, a elevação dos custos deve ser sentida já nos próximos meses, o que pode apertar ainda mais o orçamento para manutenção do prédio. O síndico deve estar preparado para lidar com essa questão e buscar alternativas que ajudem a economizar.
Bandeiras – Este ano, as contas de energia trazem uma novidade: o Sistema de Bandeiras Tarifárias. O sistema possui três bandeiras: verde, amarela e vermelha – as mesmas cores dos semáforos – e indicam se a energia custará mais ou menos, em função das condições de geração de eletricidade.
Uma conta que venha com a bandeira de cor verde indica que as condições de geração de energia foram favoráveis e a tarifa não sofreu nenhum acréscimo. Encontrar uma bandeira amarela significa condições de geração menos favoráveis e a tarifa sofre então acréscimo de R$ 0,025 para cada quilowatt-hora (kWh) consumidos. Já a bandeira vermelha representa as condições mais custosas de geração. Com ela, a tarifa sofre acréscimo de R$ 0,055 para cada quilowatt-hora kWh consumidos.
Diferenciação – É importante entender as diferenças entre as bandeiras tarifárias e as tarifas propriamente ditas. As tarifas representam a maior parte da conta de energia dos consumidores e dão cobertura para os custos envolvidos na geração, transmissão e distribuição da energia elétrica, além dos encargos setoriais.
As bandeiras tarifárias, por sua vez, refletem os custos variáveis da geração de energia elétrica. Dependendo das usinas utilizadas para gerar a energia, esses custos podem ser maiores ou menores. Antes das bandeiras, essas variações de custos só eram repassadas no reajuste seguinte, um ano depois. Em resumo: as bandeiras refletem a variação do custo da geração de energia, quando ele acontece.
Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a implantação das bandeiras tarifárias tem um caráter disciplinador e educativo. Com elas, o consumidor ganha um papel mais ativo na definição de sua conta de energia. Ao saber, por exemplo, que a bandeira está vermelha, o consumidor pode adaptar seu consumo e diminuir o valor da conta (ou, pelo menos, impedir que ele aumente).
Pela regra anterior, que previa o repasse somente nos reajustes tarifários anuais, o consumidor não tinha a informação de que a energia estava cara e, portanto, não tinha um sinal para reagir a um preço mais alto.