Por André Resende
Publicado em 03/02/2025
As fraudes e os desvios de recursos das contas dos condomínios podem ser mais comuns do que parece. Em alguns casos, condomínios mal administrados não refletem necessariamente a incapacidade do gestor, podem também ser consequência de um síndico que se aproveita da condição para extrair benefícios indevidos, usando em benefício próprio os recursos do condomínio.
Para se ter uma ideia, experimente “dar um Google” no seu navegador com a seguinte frase: síndico denunciado por desvio. Vai aparecer uma série de matérias jornalísticas, de todas as partes do Brasil, mostrando casos de síndicos suspeitos de desviar recursos de condomínios. E, na sua grande maioria, os valores são de assustar.
O auditor Elias Oliveira comenta que um condomínio que não adota práticas de governança e controle de gastos, que não estabelece um regime de compliance, transparência nos gastos, fornece uma condição favorável para as fraudes e os desvios de recursos. A primeira recomendação nesse sentido é a realização de auditorias preventivas.
“Casos de fraudes em condomínio geralmente acontecem em contexto em que há falta de auditoria, controles internos, um conselho fiscal não atuante e com baixa participação dos moradores e falta de transparência nas contas, tornando-os mais vulneráveis. Por isso, a realização de auditorias periódicas e a transparência na gestão financeira são essenciais para garantir que os recursos do condomínio estejam sendo usados corretamente, evitando eventuais desvios de recursos”, acrescenta.
Sinais – Ainda conforme o auditor fiscal, é possível perceber alguns sinais na gestão que podem indicar suspeitas de fraude. Ele explica que gestões mal intencionadas geralmente dificultam o acesso a documentos e valores movimentados com os recursos do condomínio.
“Inconsistências nos dados geralmente indicam tentativas de ocultar informações e dificultar o acesso a balancetes e orçamentos. Práticas como pagamentos fictícios, contratos superfaturados com empresas ligadas à gestão, manipulação parcial de contas, uso recorrente dos mesmos fornecedores sem revisão e a movimentação de recursos em contas pessoais ou contas pool sem controle adequado são comuns”, detalha Elias.
Transparência – Por isso, para evitar esse tipo de irregularidade, é essencial que o condomínio faça auditorias frequentemente, com um regime de transparência ativa, com um conselho fiscal atuante na gestão dos síndicos, além de uma comunicação ativa e objetiva com os demais condôminos em relação aos gastos e recursos do condomínio.
“Para verificar possíveis irregularidades nas contas do condomínio, moradores e o conselho devem adotar medidas práticas como revisar mensalmente os balancetes, solicitar notas fiscais e recibos que comprovem os pagamentos e observar se há padrões repetitivos de gastos sem justificativa. Também é recomendável contratar auditorias independentes, monitorar as contas bancárias e participar ativamente das assembleias, questionando discrepâncias. Essas ações aumentam a transparência e ajudam a identificar desvios nas finanças do condomínio”, explica.
*Jornalista