Economizar é palavra de ordem quando se trata de água


Recurso natural mais precioso é o que está mais em risco atualmente com tanto desperdício. Condomínios são aliados de primeira ordem na economia

 

Numa época em que o mundo todo se preocupa com a economia de água e observa preocupado o nível de poluição de rios, mares e lençóis freáticos, os condomínios ainda formam grupos de consumidores responsáveis por grande desperdício. A situação é mais perceptível naqueles em que não há individualização de água, ou seja, independentemente do consumo da unidade, todos rateiam por igual (ou fração ideal em caso de cobertura ou área privativa) a conta no fim do mês. De acordo com os administradores e especialistas, isso acaba por desestimular os condôminos a economizarem água, já que eles não veem o resultado diretamente na conta sem que todos colaborem.

 

Para estimular todos os moradores a terem atitudes que diminuam o consumo de água, o engenheiro civil e consultor Antônio Azevedo lembra que a atitude consciente não só diminui o valor da conta, como protege o meio ambiente. Para ele, a individualização do consumo de água nos condomínios é o ideal. “Aí, cada um pagaria o seu consumo”, explica. O engenheiro afirma que hoje os empreendimentos já vem com previsão de individualização de água. “A individualização agrega valor e é mais barato para a construtora. O encanamento é mais fino e o registro é mais barato”, diz Antônio.

 

Para os prédios antigos, a individualização não é tão barata, mas pode ser feita. Antônio explica que é feita a substituição da prumada geral por outra mais fina, individual. “Quando se faz isso, muitas vezes se percebe que a prumada antiga estava danificada, vazando, o que resulta num desperdício de água”, diz ele.

 

Reaproveitamento – A água da chuva também pode ser reaproveitada no condomínio para ser usada em lavagem de carros ou da área comum. Antônio diz que um investimento em um reservatório subterrâneo seria útil tanto para economizar água potável, quanto para reduzir o escoamento da água da chuva, diminuindo os riscos de inundação da rua. Segundo o engenheiro, a iniciativa poderia cooperar com o novo Plano Diretor de Belo Horizonte, que estabelece porcentagens de terreno permeável. (veja no quadro) “O objetivo é facilitar a absorção da água da chuva pelo solo e evitar inundações, já que com as ruas todas pavimentadas, não tem para onde escoar a água da chuva”, explica. Para a utilização desta água, o condomínio poderia usar uma bomba mais simples, de baixo custo, possibilitando a lavagem do chão e irrigação do jardim.

 

Apesar de toda essa tecnologia, Antônio diz que o fundamental é a conscientização, que segundo ele, vem acontecendo. “Hoje o próprio vizinho, quando vê alguém com mangueira lavando passeio, já faz aquela cara de frustração”, afirma.

 

Redução de gastos – Como mudar os hábitos não é fácil, o condomínio pode optar também pela instalação de aparelhos que reduzam o gasto de água. Dois kits bastante simples e baratos podem ajudar na economia. Eles foram criados pelo engenheiro Geraldo Lafetá Rebello. Um deles é o metakit. Instalado nas caixas acopladas da descarga, ele diminui pela metade a vazão da descarga para dejetos líquidos, diminuindo de seis para três litros a quantidade de água gasta nesta operação. Mas, o dispositivo só funciona para caixas acopladas. Nas descargas de válvulas na parede não é possível fazer essa divisão.

 

Já os equalizadores de vazão são utilizados em todas as torneiras e nas duchas de banho, que utiliza gás ou aquecimento solar, para equilibrar o gasto de água em todos os andares do prédio. “Os apartamentos do primeiro andar gastam mais água que os do último, num prédio de 15 andares, por exemplo, porque a vazão é maior. Com os equalizadores, a vazão é diminuída e passa a ser a mesma dos apartamentos do 15° andar”, diz Geraldo. No entanto, as peças não funcionam para chuveiro elétrico.

 

Segundo Geraldo, quando os dois equipamentos são instalados em todas as saídas de água dos apartamentos, a economia chega a 30% na conta. Ele explica que a vazão normal da torneira, de cerca de 12 litros por minuto (l/m) cai para 4 a 5 l/m e que a do chuveiro, que normalmente gasta 17 l/m, cai para 8 a 9 l/m. “Para os condomínios em que é difícil convencer o moradores a se conscientizarem, os aparelhos acabam fazendo uma economia obrigatória, mas que vai ser notada mesmo, se todos participarem”, diz o engenheiro.

 

Ainda assim, Geraldo lembra a importância das pessoas se preocuparem com um recurso que já foi abundante e que hoje, já é racionado em muitas partes do mundo. “A preocupação é que a água é um recurso cada vez mais difícil, contaminado. Então é um produto que tem que ser economizado o máximo possível. É preciso ter atenção a ela no futuro. Tem países que restringem muito o consumo. Se for pega lavando calçada, a pessoa é até presa. E a gente, no Brasil, desperdiça demais”, alerta.

Serviço: Informações sobre os kits de redução do consumo de água nos condomínios podem ser obtidas no site www.equiflow.com.br

 

 

LEI Nº 9.959, DE 20 DE JULHO DE 2010 – Plano Diretor de Belo Horizonte*

 

“Art. 50 – Considera-se Taxa de Permeabilidade a área descoberta e permeável do terreno em relação à sua área total, dotada de vegetação que contribua para o equilíbrio climático e propicie alívio para o sistema público de drenagem urbana.

  • 1º – Os valores da Taxa de Permeabilidade mínima são os definidos no Anexo VI desta Lei, observado o seguinte:

I – para os terrenos situados na ADE da Bacia da Pampulha, a taxa de permeabilidade mínima é de 30% (trinta por cento);

II – para os terrenos situados em ZPAM e ZP-1, prevalecem os valores determinados no Anexo VI desta Lei;

III – para os terrenos que não se enquadrem nos incisos I e II deste parágrafo, prevalece:

  1. a) 10% (dez por cento), se o terreno tiver área menor ou igual a 360 m² (trezentos e sessenta metros quadrados);
  2. b) 20% (vinte por cento) se o terreno tiver área superior a 360 m² (trezentos e sessenta metros quadrados).

 

*http://www.pbh.gov.br/mapas/leiuso/lei9959-atual.pdf

 

Cuidados

 

Cuidados simples como fechar a torneira ao escovar os dentes ou fazer a barba, diminuir o tempo do banho ou evitar lavar grandes superfícies com mangueira podem contribuir para a economia da água. E a mudança de atitude é urgente. Segundo o Instituto Socioambiental de São Paulo (ISA) “o Brasil, pátria de 12% de toda a água doce superficial do planeta, é páreo duro na competição com o México para ver quem joga mais água limpa fora. Um estudo divulgado em novembro passado pelo Instituto Socioambiental (ISA) lançou luz sobre a situação do abastecimento público e saneamento básico nas 27 capitais brasileiras. O levantamento revela que praticamente metade da água retirada dos mananciais das capitais (45%) é desperdiçada em vazamentos, fraudes e sub-medições. A quantidade de água jogada fora é estimada em 6,14 bilhões de litros por dia (2.457 piscinas olímpicas) e seria suficiente para abastecer 38 milhões de pessoas por dia, ou a população de um país como a Argentina”.

 

Fonte: http://www.mananciais.org.br/