Racionamento de água: Você acredita que virá?


Considerando o que vem sendo noticiado amplamente nos meios de comunicação, de que as regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador e Vitória estão com seus reservatórios /represas de água com baixíssima capacidade, inclusive alguns já utilizando diversos ¨volume mortos¨ (na grande São Paulo as cidades de Guarulhos e Mauá já estão sob racionamento desde o ano de 2014), o que vamos fazer a respeito?

De Abril até Dezembro de 2015, no Sudeste, não deveremos ter chuvas significativas sobre as bacias dos reservatórios desta região. A maioria destes reservatórios/represas, mesmo após as chuvas deste verão, está ainda em situação muito crítica pois não foi suficiente nem para repor alguns ¨volumes mortos¨ já gastos. Então, não haverá água disponível para a população atravessar todo o período seco sem a adoção do racionamento.

Os próximos meses sempre serão relativamente quentes durante o período diurno, com elevado consumo de água pela população e pela evaporação devida a incidência solar. As empresas concessionárias, os SAAEs e as prefeituras, responsáveis pelo de fornecimento de água, ainda operam com perdas muito elevadas. Aproximadamente 35% de toda a água que tratam, vão para o “ralo” normalmente por quebras de adutoras e vazamentos em redes urbanas de distribuição muito antigas.

Poluição – Águas de grandes represas como a Billings e Guarapiranga na Grande São Paulo, estão muito poluídas, contaminadas por anos e anos de despejos contínuos de dejetos humanos e efluentes químicos industriais. E, como os processos para descontaminações, são ainda muito caros e demanda aprovação nos órgão competente, não se pode contar com esta alternativa no curto prazo.

Não há disponibilidade de água de reserva, em outras bacias hidrográficas, em outras represas e em poços artesianos, próximos das metrópoles, de onde possam ser aduzidas para socorrer as populações urbanas, que ainda não acredita nem tem consciência clara que a água é hoje um bem escasso. Nossa população continua com gastos, per capta, elevados frente aos que ocorrem em outras regiões do mundo.

Racionamento – Face ao exposto, mesmo com os nossos dirigentes políticos negando categoricamente a vinda do racionamento de água (que chamam de: ¨adequação da disponibilidade hídrica¨) para toda a nossa população, acredito que todos nós, moradores das regiões citadas, estaremos sim expostos em graus maiores ou menores, a inéditas situações de racionamentos em larga escala de água tratada fornecida pelas concessionárias, pelos diversos SAAEs e pelas prefeituras municipais.

Acredito ainda que vamos conviver também com o rebaixamento operacional sistemático das pressões das redes, o que deixará as regiões mais altas das cidades impossibilitadas de receberem a água tratada.

Os Condomínios – E quais são os principais problemas que certamente afetarão os síndicos de condomínios verticais e horizontais? Estão eles preparados para operarem seus atuais sistemas de águas (caixas d’água, tubulações e bombas) sob a condição real de racionamento de água, por exemplo, do tipo 5X2 (cinco dias sem água por 2 dias com água)? Há caixas coletivas construídas, em condição de armazenarem águas adicionais? Caso necessitem receber águas, de qualidade duvidosa, como purificá-las? E caso não haja pressão suficiente para água chegar? Quais são seus planos alternativos para esta crise?

Para resolver ou minimizar as consequências destes e de muitos outros problemas específicos de cada condomínio sob a condição de inédito racionamento de água, recomendo que o síndico deva, em acordo com o Conselho, buscar assessoria técnica com engenheiros capacitados e experientes o mais breve possível, ainda antes que toda a situação gerada pelos futuros racionamentos de água se torne crítica, afetando a todos simultaneamente.